13 de dezembro de 2019

Adão, quando interpelado pelo Senhor, disse que a culpa pelo pecado original foi de Eva; Eva, por sua vez, culpou a serpente. Assim somos nós, diante dos nossos pecados, buscando cobrir o nosso mal com o "mal pior" do próximo.

Por isso, diante do escárnio dos comediantes deste mundo, diante dos religiosos, diante de Eva, diante de Adão, diante de Deus, o que importa é fazer a confissão feita por Paulo:

"Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." - 1 Timóteo 1:15

4 de dezembro de 2019

Diante das catástrofes

É comum, ao vermos catástrofes acontecerem, julgarmos com muita certeza os culpados. Quem está no espectro político conservador, por exemplo, une-se aos seus iguais para culpar os que são de esquerda; do mesmo jeito, aqueles que se dispõem politicamente ao lado esquerdo unem suas armas para julgar os conservadores.

Dessa forma, cada lado cria muralhas e espadas com os cadáveres da catástrofe. Há, de fato, alguém atento ao desenrolar das mortes ou apenas queremos mostrar nossa própria e aparente sapiência? Há alguém interessado?

Claro que há. Há Deus.

Em sua Palavra, Deus diz que "preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos" (Salmos 116:15) e diz que “desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?" (Ezequiel 18:23). Existe, logo, uma distinção para os que morrem, uma distinção que conhecemos pela fé, sem podermos ver seu fim.

Se conhecêssemos a história de um homem que, sem culpa, foi entregue por Deus para ser açoitado e pregado em uma cruz, talvez ficássemos indignados com Deus. Agora, conhecendo a completude do plano que envolvia tal morte e vendo como são feitas novas todas as coisas a partir da ressurreição de tal homem, posteriormente compreendemos. Não será assim, também, com todo o resto da história?

Diante da eternidade a vida humana é um sopro. Assim sendo, aqueles que morrem só carregam de si mesmos uma decisão valorosa, "a saber: se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (Romanos 10:9).

A discussão sobre as catástrofes, portanto, é infrutífera, porque não conhecemos seu desenrolar completo na eternidade. Deus se agrada da morte dos santos e se desagrada da morte dos ímpios, disso sabemos; mas como saber, agora, para qual fim foi erigida uma tragédia?

Esse tipo de postura é inaceitável para os descrentes, porém, porque eles só têm o mundo presente. Para eles tudo o que vale está aqui, no planeta corrompido em que vivemos, não fazendo sentido o plano eterno. Não é para incrédulos que escrevo este texto. Escrevo para os que, crendo em Cristo como Salvador, não sabem como lidar com as catástrofes do mundo. 

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo", como diz o Senhor, em João 16:33.

Dessa forma, fiquemos em paz.

Deus conhece os que são Dele.

Amém!

8 de novembro de 2019

Meus caros, não se irem uns contra os outros, pois bem-aventurados são os pacificadores!

Todos nós somos pecadores, como está escrito "se afirmarmos que não temos cometido pecado, nós o fazemos mentiroso, e sua Palavra não está em nós" (1 João 1:10). No entanto, assim como Adão jogou a culpa em Eva e Eva jogou a culpa na serpente, costumamos apontar o pecado do próximo para cobrir o nosso próprio pecado. Os de esquerda fazem isso com os de direita e os de direita fazem isso com os de esquerda. Não está certo que seja assim!

Sobre o presidente do Brasil, dou a minha opinião pessoal: não queria que fosse o Bolsonaro, mas, sendo, oro para que ele aja com sabedoria sobre o país! Sinceramente, hoje não gosto totalmente de nenhum presidente que o Brasil já teve, porque o rei da nação para a qual fui comprado é perfeito, coisa que nenhum dos nossos líderes pode ser. Mas, como está escrito, "admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" (1 Timóteo 2:1-4). Seja o Lula ou seja o Bolsonaro, não está certo tratarmos com tanto ódio quem ocupa a cadeira de presidente, mesmo que seja um líder político que nos odeie.

Que Deus abençoe com sabedoria a todos vocês!

2 de novembro de 2019

A lei dos homens

Conheço suficientemente a minha carne para saber a desconfiança que a simplicidade me causa. Tal sentimento, porém, está em quase todas as outras pessoas que conheci, pois não sabemos nos pacificar com o simples amor de Deus; queremos éditos, novas diretrizes, adendos.

A salvação é simples: "quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (João 5:24). Mas quão difícil é ter fé simples nisso! E, por conta da inquietude complexada nos corações, os homens criam anexos humanos à salvação, a partir de leituras isoladas das Escrituras. Então alguns dizem: "ai daquele que não guardar o sábado!" - mesmo que Cristo tenha trabalhado no sábado. E outros dizem: "ai daqueles que não se abstiverem do sangue!" - e deixam sofrer as crianças que precisam de transfusão de sangue, quando o Cristo Eterno perguntou "qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?" E mais alguns: "ai de quem descumprir um dos dez mandamentos!" - enquanto em seus corações cobiçam, cobiçam, cobiçam.

Sobre estes, que pensam poder utilizar a santidade das palavras de Deus para causar o mal no próximo, Jesus falou no capítulo 23 de Mateus. Leiam.

Por conta dessas distorções das leis dos homens, experimentei uma sensação ruim ao visitar Ouro Preto e suas muitas igrejas de arquitetura barroca. Ao mesmo tempo que a beleza arquitetônica alegrava meus olhos, pensar nas restrições de raça que foram erigidas ali em outros tempos (isto é, os templos separados para negros e brancos) me entristecia ao mostrar que naquelas igrejas não necessariamente havia o amor do Senhor que me acolheu. Tanto ouro retirado com o sangue de escravos, tanta prata lavrada com os calos de pessoas tratadas como vermes nos templos erigidos sob a lei dos homens; pois, se houvesse a simplicidade do amor de Cristo, diferente dispensação que une todos os filhos e filhas de Adão sob a mesma Graça, não haveria tal atrocidade com os africanos, com os indígenas, com quem quer que seja.

Assim, Nosso Senhor disse: "portanto, tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7:12).

Ouçamos, pois, e cumpramos a Lei.

Amém!


8 de outubro de 2019

Para estar à vontade, estar na Vontade de Deus

Fui ateu, assíduo e vaidoso, ao longo de quase 10 anos. Mesmo durante esse tempo de escuridão, porém, o Senhor me cercava com seu amor, embora eu me escondesse, estando "preso na praça de Deus, como peixe em nenhuma rede", conforme João Guimarães Rosa. Para exemplificar, lembro que algumas vezes sonhei estar no Paraíso, salvo entre muitos salvos,  sentindo o êxtase pleno da Luz em meu coração, diante do único que É. Sentia-me plenamente feliz, até acordar triste por não ser verdade aquele sonho e, pior, por não poder ser, dado meu decrépito estado de descrença.

Eu queria, no fundo, ser o salvo entre muitos salvos. Lembro de ouvir uma música do Jorge Mautner, uma música nada religiosa, inclusive, chamada "Vivendo sem grilo", ouvi-la e confessar tal desejo luzidio em mim. Essa música diz algo como "na casa de Deus, onde não tem porta nem trinco, todos já estão de antemão perdoados e amados por toda a eternidade". Isto eu ouvia e pensava na maravilha de que todos, todos, todos estivessem de antemão perdoados e amados por toda a eternidade! Mas ainda permanecia no ateísmo.

Os anos se passaram, o Pai recolheu meus fragmentos e me nasceu para uma nova vida. A alegria que eu sentia sonhando, agora eu sinto vivendo; mesmo que em um mundo que nada tenha de Céu, tenho certeza de que já estou salvo, pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, e isso já é estar com Ele. Um exemplo dessa alegria é a benção de ter a Vontade de Deus, a sensação de reconhecer que na minha pequeneza pude querer o que o Criador de todas as coisas quer. Porque vi, naquela minha vontade de que todos, todos, todos se salvem, a Vontade de Deus, "pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade" (1 Timóteo 2:3,4).

A mim, pó, minúsculo ser criado, Deus permitiu querer algo dentro de Sua Vontade, ainda antes da minha conversão! Isso é que é benção! Nada é melhor para estar à vontade do que estar na Vontade de Deus. E isso permaneço querendo: que todos, todos, todos sejam salvos!

Amém!



25 de setembro de 2019

Uma angústia melhor do que eu

Essa cidade (tão cuturalzinha, nas propagandas, tão legal) guarda uma hostilidade especial no entorno da estação de ônibus. São fileiras de barracas preenchidas por dorsos nus amorenados, corpos para os quais não se estende auxílio das mãos apressadas que passam - entre as quais as minhas mãos estavam, entre as que não ajudam. São homens idosos há séculos, mulheres com o rosto escamado pela fumaça oleosa dos escapamentos, crianças. Por eles eu passo, professor recém-formado; alguns dias para ser chamado de filho da puta por algum aluno; alguns dias para presenciar a chegada da polícia na escola, ante agressões mais sérias. Mas passo vindo desse único cômodo que consigo alugar com meu salário parcelado, não de uma barraca aos pés desse construto de insânia que é a estação. O lixo arquiteta um quintal, na frente desses olhos pretos, o lixo próximo do posto de saúde de onde alguns deles invejam os pacientes que têm leitos. Passamos ilesos, passamos curvados e infelizes, mas ilesos.

Até que o frio.

Era segunda-feira, se não me engano, esse dia escorrendo arrependimento pelos caninos. Ao descer a escadaria gorda da estação, virei meus passos para esse minúsculo bairro, ausente de urbanistas e trasbordando restos de carvão, e vi um de seus desmoradores deitado de costas para a rua, quase completamente nu, no frio das 6h. E me angustiei. Ora, eu sei o que é minha angústia, cotidiana e mesquinha, eu reconheço a face da minha empáfia. E aquela angústia não era minha. Era uma angústia melhor do que eu, como engendrada por Cristo, uma angústia de amor. Naquele instante, rodei os olhos pelo movimento interno da avenida, pelas lojas, portas, viaduto, casas, em busca de um lugar para comprar um cobertor. Mas não parei, mesmo que tivesse achado uma loja de mantas, mas não me virei, e prossegui, espantado pelas lágrimas melhores do que eu a brotar para fora de mim. Meu Pai, até quando terei que suportar-me? As pernas seguiam firmes, o coração gritava. Meu Pai, até quando terei que suportar-me? Na minha prece canalha, nessa fúria ambígua, depois de tantos metros de deserto, uma idosa me parou, pedindo algo mais possível, pedindo café, comida.

Embora banal, esse texto culmina naquela mulher. Ela sabia que estava ali para ajudar? Mas se foi ela quem veio pedir ajuda! Labiríntico caminho. Meu peito se aquietou, depois dela, porque ela veio me auxiliar a auxiliar, dando ao homem que desejava um fardo, mas não podia carrega-lo, um pesinho para cumprir. Como uma criança, que quer ajudar o pai com o martelo, mas não o aguenta, e ganha um martelo de brinquedo. Continuo mau, vaidoso e mau, por isso sei que foi Deus quem nela pediu e que em mim realizou. Deus nos presenteia com martelos de brinquedo. Luzidio caminho. Aquele homem nu continuou dormindo? Este homem nu que sou despertou?

24 de setembro de 2019

Os injustos, o Justo

Um grande risco para a própria honestidade é este: crer-se bom só porque outra pessoa é ruim.

Vejam: um homem fumava debaixo da marquise, bafejando os traços sinuosos de fumaça no rosto dos passantes, enquanto outro homem, bêbado, cambaleava por ali, trombando nas mesmas pessoas da calçada. Era meio-dia. Os dois homens eram odiados pelos que passavam, julgados, mas dentro de seus corações eles pensavam mal apenas um do outro. "É melhor fumar do que ser esse bêbado que tromba em todo mundo", o fumante meditou. "É melhor beber do que poluir o ar como esse idiota", o bêbado refletiu. E as pessoas que por eles passavam, pensando o pior dos dois, ao tentar desviar de ambos trombavam em mais alguns, que também internamente xingavam a eles e trombavam em outros, etc, etc, etc.

Um grande risco para o próprio caminho é este: crer-se no caminho certo só porque outra pessoa está no caminho errado.

Vejam: há quem xingue e pense "pelo menos não bato". Há quem bata e pense "pelo menos não xingo". E há quem vendo estas duas pessoas pense que age com justiça, apenas porque não xinga nem bate, ou pelo menos porque só faça isso em seu próprio coração. Quem mata, está errado. Mas quem pensa em matar, como ousa dizer que tem as mãos mais limpas do que as mãos do assassino?

"Ouvistes que foi dito aos antigos: 'Não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo'. Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo", disse o Justo.

E, como sempre, a sabedoria está em Sua voz.

Eu me ofendia com as feministas, quando elas diziam que os homens (no sentido de gênero masculino) são estupradores em potencial. Hoje não me ofendo, e ainda completo: tudo o que os homens (no sentido de espécie humana) são de ruim, eu também sou, em potencial ou na prática. "Pode um ser mortal ser perfeitamente justo diante de Deus?" - eu não posso.

Compreender que em todos os povos, em todas as nações, todos os indivíduos têm consciência de uma lei maior do que eles próprios, e que fracassaram ao tentar cumprir essa lei, constitui o início da real liberdade. O próximo passo é confiar que Jesus, o supracitado Justo, foi quem cumpriu integralmente esta lei, sendo assassinado em nome dos injustos que creem nele, justificando-os.

Porque se apenas o Justo pode jogar a primeira pedra contra quem erra, e a primeira pedra não foi jogada, quem mais ousará apedrejar quem quer que seja?

"Quando Jesus se ergueu, não vendo a ninguém mais, além da mulher, disse a ela: 'Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?' Disse ela: 'Ninguém, Senhor.' E assim lhe disse Jesus: 'Nem Eu te condeno; podes ir e não peques mais.'”

Amém!