2 de outubro de 2020

Sobre o 2º capítulo de Provérbios

A sabedoria, nos cinco primeiros versículos deste segundo capítulo, é comparada à verdadeira riqueza mais uma vez:

"Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos,

Para fazeres o teu ouvido atento à sabedoria; e inclinares o teu coração ao entendimento;

Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz,

Se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares,

Então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus."

O texto fala em esconder os mandamentos. Seria escondê-los das outras pessoas? Não; trata-se de guardá-los no próprio coração. Essa imagem da sabedoria como algo oculto aparece novamente quando é dito "se como a tesouros escondidos a procurares".

O Senhor Jesus, em Mateus 13:44, fala: "Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo". Aqui, o tesouro está escondido em um campo; alguns versículos antes, neste mesmo capítulo 13, há outra parábola que fala de um campo. Nela, na parábola do semeador, tal campo é uma representação do mundo (como explicado em Mateus 13:38). Qual é o homem que vende tudo quanto tem (dá a sua própria vida, inclusive) para comprar o mundo? Jesus, nosso salvador. É ele quem comprou os que são seus, tesouro escondido sob a sujeira do pó deste mundo.

Ora, se o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido, e a sabedoria também assim é retratada, a nossa sabedoria consiste em imitar a Jesus; sabendo que é ele quem vendeu tudo por nós, entreguemo-nos a ele em nome do tesouro reservado na eternidade, buscando a sabedoria que vem de Deus.

Prosseguindo a leitura deste capítulo de Provérbios, nos versículos de 6 a 22 está escrito:

"Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.

Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade,

Para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos.

Então entenderás a justiça, o juízo, a equidade e todas as boas veredas.

Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma,

O bom siso te guardará e a inteligência te conservará;

Para te afastar do mau caminho, e do homem que fala coisas perversas;

Dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos caminhos escusos;

Que se alegram de fazer mal, e folgam com as perversidades dos maus,

Cujas veredas são tortuosas e que se desviam nos seus caminhos;

Para te afastar da mulher estranha, sim da estranha que lisonjeia com suas palavras;

Que deixa o guia da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus;

Porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para os mortos.

Todos os que se dirigem a ela não voltarão e não atinarão com as veredas da vida.

Para andares pelos caminhos dos bons, e te conservares nas veredas dos justos.

Porque os retos habitarão a terra, e os íntegros permanecerão nela.

Mas os ímpios serão arrancados da terra, e os aleivosos serão dela exterminados."

A sabedoria é um dom dado pelo Senhor: "E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada", diz Tiago 1:5. Tal sabedoria é chamada de escudo para os que andam em sinceridade; porém, o que é andar em sinceridade?

Em João 3, versículos 20 e 21, o Senhor Jesus diz: "Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas". Percebam que a relação não é estabelecida entre quem pratica o mal e quem pratica o bem, mas entre quem pratica o mal e quem pratica a verdade. Creio que isso seja assim descrito porque não há ninguém bom (Romanos 3:12), a não ser Deus, e também creio que isso é resposta para a pergunta do que seja andar em sinceridade. Percebam que aquele que pratica a verdade vai para a luz, isto é, confessa seus pecados para Deus, não buscando esconder nada de quem tudo sabe. Andar em sinceridade, ao meu ver, é abrir o coração para Deus como quem abre as janelas de uma sala escura, ou seja, para que a luz entre.

Neste capítulo, também, vemos a instrução que consiste em nos afastarmos das pessoas que praticam o mal, na figura de uma mulher que se esquece da aliança do seu Deus. Isso parece significar adultério, apontado como característica de Israel (em outros momentos chamada de esposa) em Oséias 3:1. Assim como não devemos buscar retornarmos ao judaísmo (Gálatas 2:16), que provém daquela que se prostituiu ao olhos de Deus, devemos ficar firmes na nova aliança estabelecida em Cristo - pois nós, Igreja, somos chamados de sua noiva (em Apocalipse 22:17, por exemplo).

Por fim, é dito que os justos habitarão a terra. Lembro que a cidadania celestial dos salvos por Cristo (Filipenses 3:20) era desconhecida pelos profetas de outrora (Efésios 3:5,6), logo interpreto que esta passagem pode realçar as promessas feitas a Israel, povo que possui promessas terrenas, ao mesmo tempo que pode falar da nova Jerusalém que desce dos céus (Apocalipse 21:2). O que sabemos? No devido tempo, Deus nos dará sabedoria plena para conhecermos tudo quanto é necessário, sobre estas e outras passagens.

"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (1 Coríntios 13:12).

Até o próximo capítulo!

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