7 de outubro de 2020

Sobre o 7º capítulo de Provérbios

Sobre o capítulo 7, serão breves os meus comentários. Leiamos o trecho a seguir:

"Filho meu, guarda as minhas palavras, e esconde dentro de ti os meus mandamentos.

Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos.

Ata-os aos teus dedos, escreve-os na tábua do teu coração.

Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e à prudência chama de tua parenta,

Para que elas te guardem da mulher alheia, da estranha que lisonjeia com as suas palavras.

Porque da janela da minha casa, olhando eu por minhas frestas,

Vi entre os simples, descobri entre os moços, um moço falto de juízo,

Que passava pela rua junto à sua esquina, e seguia o caminho da sua casa;

No crepúsculo, à tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão.

E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de coração.

Estava alvoroçada e irrequieta; não paravam em sua casa os seus pés.

Foi para fora, depois pelas ruas, e ia espreitando por todos os cantos;

E chegou-se para ele e o beijou. Com face impudente lhe disse:

Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos.

Por isto saí ao teu encontro a buscar diligentemente a tua face, e te achei.

Já cobri a minha cama com cobertas de tapeçaria, com obras lavradas, com linho fino do Egito.

Já perfumei o meu leito com mirra, aloés e canela.

Vem, saciemo-nos de amores até à manhã; alegremo-nos com amores.

Porque o marido não está em casa; foi fazer uma longa viagem;

Levou na sua mão um saquitel de dinheiro; voltará para casa só no dia marcado.

Assim, o seduziu com palavras muito suaves e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios.

E ele logo a segue, como o boi que vai para o matadouro, e como vai o insensato para o castigo das prisões;

Até que a flecha lhe atravesse o fígado; ou como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida.

Agora pois, filhos, dai-me ouvidos, e estai atentos às palavras da minha boca.

Não se desvie para os caminhos dela o teu coração, e não te deixes perder nas suas veredas.

Porque a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela foram mortos.

A sua casa é caminho do inferno que desce para as câmaras da morte."

Considerando que já comentei, em capítulos anteriores, sobre a recorrente imagem da mulher adúltera, quero atentar-me agora para duas características específicas desse trecho.

Em primeiro lugar, a religiosidade de tal mulher. No trecho que diz "sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos", percebemos que ela diz estar espiritualmente tranquila, considerando ter feito "suas obrigações com Deus". Ora, devemos tomar cuidado para não sermos hipócritas assim!

Um exemplo: eu, querendo escrever um destes capítulos por dia, hoje não me sentia muito disposto para fazê-lo. Então pensei que isso seria fazer algo contra Deus, isto é, eu estava criando um mandamento que não vinha do Senhor, mas da minha própria consciência, e me sentiria "pagando" algo a Ele ao escrever. Tolice minha, claro.

E esta mulher adúltera agia assim: crendo mais em suas divagações do que em Deus, pro qual disse ter feito sacrifícios, ela enchia-se de justiça própria.

Para que eu não haja mais assim, que o Senhor me proteja de mim!

Em segundo lugar, gostaria de comentar sobre o marido, que "não está em casa; foi fazer uma longa viagem; levou na sua mão um saquitel de dinheiro; voltará para casa só no dia marcado".

O Senhor Jesus, como sabido, é chamado de noivo da Igreja; além disso, ele pode ser visto como aquele bom samaritano da parábola, que auxilia um homem ferido em uma estrada. Qual a relação? Vejamos: "E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; e, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar" (Lucas 10:30-35).

Os salvos por Cristo assim foram deixados no mundo, como em uma estalagem. O valor deixado pelo samaritano é para garantir os cuidados com o ferido enquanto não volta; e, se for necessário, será paga a diferença no retorno. O marido da mulher adúltera levou dinheiro consigo - e também pagará, pela vingança, o mal que lhe fizeram? 

As imagens contrastam-se, convergem. Talvez eu esteja divagando demais. Mas é bom, de qualquer modo, meditar sobre Cristo, nosso Senhor. O que você acha sobre estas duas imagens?

Até o próximo capítulo!

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