4 de outubro de 2020

Sobre o 4º capítulo de Provérbios

O princípio do capítulo 4 versa novamente sobre a construção da sabedoria na vida daquele que a busca:

"Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência.

Pois dou-vos boa doutrina; não deixeis a minha lei.

Porque eu era filho tenro na companhia de meu pai, e único diante de minha mãe.

E ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive.

Adquire sabedoria, adquire inteligência, e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca.

Não a abandones e ela te guardará; ama-a, e ela te protegerá.

A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que possuis na aquisição de entendimento.

Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu, ela te honrará.

Dará à tua cabeça um diadema de graça e uma coroa de glória te entregará.

Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, e se multiplicarão os anos da tua vida.

No caminho da sabedoria te ensinei, e por veredas de retidão te fiz andar.

Por elas andando, não se embaraçarão os teus passos; e se correres não tropeçarás.

Apega-te à instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida.

Não entres pela vereda dos ímpios, nem andes no caminho dos maus.

Evita-o; não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo.

Pois não dormem, se não fizerem mal, e foge deles o sono se não fizerem alguém tropeçar.

Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência.

Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito."

A luz da aurora vai gradativamente crescendo: assim aumenta a luz aos olhos dos que creem em Cristo. Um exemplo lindo sobre isso diz respeito à descrição de Paulo do seu encontro com Jesus. Ao descrever tal passagem, nos versículos 6, 9 e 11 do capítulo 22 de Atos, podemos ler, respectivamente: "Ora, aconteceu que, indo eu já de caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu"; "E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo"; "E, como eu não via, por causa do esplendor daquela luz, fui levado pela mão dos que estavam comigo, e cheguei a Damasco". Adiante, porém, no versículo 13 do capítulo 26, esta mesma luz cresce muito ao ser descrita pelo mesmo Paulo, excedendo o esplendor da maior fonte de luz natural no ápice do meio-dia: "Ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim e aos que iam comigo".

Ora, conforme permanecemos na sabedoria do Senhor, conforme ouvimos a sua voz, proclamamos seu evangelho com amor e andamos sob seus conselhos, a luz dada a nós cresce e faz-se visível diante dos homens, para que, conforme Jesus disse, "assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:16).

Assim sendo, a sabedoria expressa em Provérbios deve ser lida à luz dessa luz, redundância à parte, por fazer parte da revelação bíblica completa: "E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações" (2 Pedro 1:19).

Vamos continuar com a leitura do capítulo, portanto:

"O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.

Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido.

Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no íntimo do teu coração.

Porque são vida para os que as acham, e saúde para todo o seu corpo.

Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.

Desvia de ti a falsidade da boca, e afasta de ti a perversidade dos lábios.

Os teus olhos olhem para a frente, e as tuas pálpebras olhem direto diante de ti.

Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam bem ordenados!

Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal."

Olhar para trás não permite que vejamos para onde vamos, o que é um efeito semelhante à escuridão. Quando a passagem diz "os teus olhos olhem para frente" antes de dizer "pondera a vereda dos teus pés", penso que olhar para algo é dirigir-se para lá.

A mulher de Ló, em Gênesis 19, ao receber recomendações de como ser salva da destruição de uma cidade, foi instruída a não olhar para trás. Ao desobedecer tal instrução, porém, foi transformada em estátua de sal. Acaso, ao olhar para trás, não mostrou que parte do seu coração estava ali? O Senhor Jesus, ao falar sobre tal postura, diz: "E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á" (Lucas 17:26-33).

Devemos, então, seguir adiante; pois já é próxima a vinda do Senhor, e não convém que haja hesitação em nossa caminhada para frente.

"Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3:13,14).

Até o próximo capítulo!

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