6 de outubro de 2020

Sobre o 6º capítulo de Provérbios

Cuidado ao se tornar fiador de alguém! É com mensagem semelhante que o capítulo 6 inicia-se:

"Filho meu, se ficaste por fiador do teu companheiro, se deste a tua mão ao estranho,

E te deixaste enredar pelas próprias palavras; e te prendeste nas palavras da tua boca;

Faze pois isto agora, filho meu, e livra-te, já que caíste nas mãos do teu companheiro: vai, humilha-te, e importuna o teu companheiro.

Não dês sono aos teus olhos, nem deixes adormecer as tuas pálpebras.

Livra-te, como a gazela da mão do caçador, e como a ave da mão do passarinheiro."

Ao lermos isso, procuramos nos encaixar nas instruções. Não devo emprestar nada a ninguém, seria isso? Vejamos o que o Senhor Jesus diz: "Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes" (Mateus 5:42). O que aconteceu com as instruções dadas em Provérbios? Novamente reitero: o Velho Testamento foi renovado em Cristo, que cumpriu em si mesmo toda a lei para que fôssemos salvos pela fé. Aquilo que era dito ao povo terreno de Israel, nem sempre servirá ao povo celestial da Igreja. A prudência terrena diz "cuidado ao ser fiador"; a compaixão celestial diz "empreste". Entre as duas coisas, porém, não devemos deixar a prudência, pois o Senhor disse, em Mateus 10:16, "eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas" - algo como entendermos a nova natureza do cristão com a ambiguidade de não sermos do mundo, mas estarmos no mundo.

Até porque o próprio Cristo fez-se fiador por nós, como está escrito: "De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador" (Hebreus 7:22).

Prosseguindo com a leitura do capítulo, lemos:

"Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio.

Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador,

Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.

Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?

Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados;

Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante, e a tua necessidade como um homem armado.

O homem mau, o homem iníquo tem a boca pervertida.

Acena com os olhos, fala com os pés e faz sinais com os dedos.

Há no seu coração perversidade, todo o tempo maquina mal; anda semeando contendas.

Por isso a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura."

Aqui, mostra-se o sábio que junta mantimentos para os tempos difíceis. O Senhor Jesus, porém, como já vimos anteriormente, conta uma história que contradiz a gana de encher celeiros. Leiamos novamente: "E propôs-lhe uma parábola, dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; e arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" (Lucas 12:16-21).

Outra vez podemos atestar o renovo que há em Cristo; sendo ele o cumpridor da lei, é por meio dele que há uma nova aliança.

Continuemos com a leitura do capítulo:

"Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina:

Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente,

O coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal,

A testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

Filho meu, guarda o mandamento de teu pai, e não deixes a lei da tua mãe;

Ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço.

Quando caminhares, te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo.

Porque o mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida,

Para te guardarem da mulher vil, e das lisonjas da estranha.

Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas aos seus olhos.

Porque por causa duma prostituta se chega a pedir um bocado de pão; e a adúltera anda à caça da alma preciosa.

Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem?

Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?

Assim ficará o que entrar à mulher do seu próximo; não será inocente todo aquele que a tocar.

Não se injuria o ladrão, quando furta para saciar-se, tendo fome;

E se for achado pagará o tanto sete vezes; terá de dar todos os bens da sua casa.

Assim, o que adultera com uma mulher é falto de entendimento; aquele que faz isso destrói a sua alma.

Achará castigo e vilipêndio, e o seu opróbrio nunca se apagará.

Porque os ciúmes enfurecerão o marido; de maneira nenhuma perdoará no dia da vingança.

Não aceitará nenhum resgate, nem se conformará por mais que aumentes os presentes."

Em mais um momento vemos que está presente a figura da mulher adúltera e prostituta como aquela que causa destruição. São citadas, também, sete práticas odiosas (a última sendo chamada de abominável) para a alma de Deus. Qual a relação entre a mulher perversa e tais práticas terríveis?

Os "olhos altivos" relacionam-se a "não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas aos seus olhos".

A "língua mentirosa" relaciona-se a "lisonjas da estranha".

As "mãos que derramam sangue inocente" relacionam-se a "não será inocente todo aquele que a tocar".

O "coração que maquina pensamentos perversos" relaciona-se a "porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem?"

Os "pés que se apressam a correr para o mal" relacionam-se a "ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?"

A "testemunha falsa que profere mentiras" relaciona-se a "não se injuria o ladrão, quando furta para saciar-se, tendo fome".

E tudo isso faz com que exista aquele "que semeia contendas entre irmãos", pois "os ciúmes enfurecerão o marido; de maneira nenhuma perdoará no dia da vingança".

Isaías 61 fala do "dia da vingança do nosso Deus", que ainda será futuro. Quem tem adulterado com sua noiva, de modo a gerar, sob os mesmos termos, a ira do Senhor? Meditemos sobre.

E até o próximo capítulo!

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